domingo, janeiro 25, 2009

ENTREVISTA COM O VEREADOR ODON JR (PT)



Nesta quinta-feira (22), o blog Dados Corrompidos conversou com o vereador curraisnovense Odon Júnior, PT. O tema central da conversa, é óbvio, foi política. Buscamos entender como o vereador pensa acerca de quais as perspectivas para seu mandato como primeiro vereador eleito do Partido dos Trabalhadores em Currais Novos e procuramos também entender algumas ações já tomadas pelo vereador.

Dados Corrompidos: Qual a perspectiva para o seu mandato como vereador? (Suas metas e projetos.)
Odon Júnior: As perspectivas são muito boas. Nós dialogamos com a sociedade sobre vários projetos que tínhamos em diversas áreas, como juventude, educação, cultura, meio ambiente, políticas pro campo, e discutimos esses projetos com a sociedade. Tudo isso foi muito bem aceito pela sociedade, fato é que fui eleito vereador de Currais Novos. A nossa meta é lutar nesses quatro anos pra colocar em prática esses projetos, e ainda outros que possam surgir de acordo com as demandas da sociedade, que vão surgindo ao longo do tempo, usando essas demandas e adaptando-as para transformá-las numa ação do nosso mandato de vereador. Eu posso dizer a você que estamos pesquisando, estamos correndo atrás de grandes informações em relação a projetos de lei para que agente possa apresentar na Câmara Municipal de Currais Novos. Espero que os vereadores recebam bem esses projetos, pois a única coisa que desejamos ao ser vereador em nossa cidade, é que a cidade melhore, avance, se desenvolva e se torne um lugar onde as pessoas possam ter uma vida melhor, com mais igualdade. Enfim, que as pessoas possam levar uma boa vida.

DC: Você ficou surpreso com a expressiva votação que o conduziu a Câmara?
OJ: Eu fiquei muito feliz com a votação que obtive, até pelas condições de nossa campanha, as nossas estruturas, mas foi uma longa luta para conseguir obter esse objetivo. Nesses últimos quatro anos eu estive lutando sem parar, na luta do movimento estudantil da UFRN, no DCE da UFRN, participei de duas gestões recentemente, sempre na luta pela melhoria da nossa universidade pública, e em defesa de políticas de assistência estudantil para os estudantes da universidade. E na busca de que mais pessoas consigam chegar ao Ensino Superior público, principalmente aqueles que mais precisam, para que eles possam dar um salto de vida, possam mudar a vida de outras pessoas também. Fizemos parte da história das lutas sociais do Partido dos Trabalhadores aqui na cidade de Currais Novos, nos últimos quatro anos emitimos opiniões em relação ao futuro da cidade, lutando no meio estudantil, e com essa luta árdua, luta pé no chão como se diz, conseguimos ter essa expressiva votação. Tínhamos informativos que eram distribuídos nas escolas e nosso blog, participávamos dos movimentos aqui da cidade e com isso, graças a Deus, eu agradeço ao povo de Currais Novos ter reconhecido nosso trabalho como cidadão dando essa oportunidade de representá-los na Câmara Municipal de Currais Novos.

DC: Quais as principais dificuldades enfrentadas durante a campanha?
OJ: Uma campanha é muito desgastante, demorada, são três meses e temos que tentar dialogar ao máximo com a sociedade, pra que as pessoas conheçam o que pensamos. Foi uma correria muito grande visitando as pessoas, conversando com a juventude em locais públicos, falando das nossas propostas. Agradeço por ter sido muito bem recebido pela população, que deu esse voto de confiança pra gente, as dificuldades foram as rotineiras de um militante que está na luta da política social, da sociedade. As vezes você até pode ser mal interpretado por algumas pessoas, no dia-a-dia, na luta. Mas fui muito bem recebido pela maioria do povo de Currais Novos, agradeço muito a recepção, nós lutamos muito para poder chegar a este objetivo.

DC: Você pretende exercer mais de um mandato?
OJ: Tenho uma posição pessoal sobre isso. Eu imagino que um vereador, uma pessoa pública, é claro que ele pode exercer vários mandatos, como tem muitas pessoas que estão a mais de quatro cinco mandatos exercendo a função de vereador. Mas eu sou a favor e penso que dois mandatos é o suficiente pra você mostrar o seu trabalho e dar a sua contribuição, até por que quando você entra pela primeira vez, segunda vez, você está com todo o gás de contribuir com a sociedade. Eu fico imaginando que depois de dois mandatos acaba sendo uma profissão a política, e eu acho que a política não deve ser uma profissão, deve ser uma vocação, em servir a comunidade pra tentar resolver os problemas. Pra que haja até rotatividade de pessoas, que seja dada oportunidade para que outras pessoas possam ir lá e desempenhar outro trabalho, possa complementar os trabalhos que já foram feitos. Acho que a política é muito dinâmica as coisas devem avançar e ter seu espaço, ter seu momento. Imagino, na minha concepção, que se o povo de Currais Novos quiser darei essa contribuição. Não estou dizendo que não posso passar três ou quatro mandatos, não sei, mas espero dar minha contribuição a cidade de Currais Novos.

DC: Nos acontecimentos durante o processo de eleição do Presidente da Casa, você acha que alguma das partes agiu de má fé?
OJ: Eu falei para várias pessoas ao longo desse processo, foi um processo muito curto, o de discussão da eleição da Presidência da Câmara. Inclusive, eu sugeri no dia da eleição que na câmara de Currais Novos, ou de qualquer câmara municipal de qualquer cidade, deveria ser mais aberta pra sociedade, que fossem discutidos os problemas, a real função de uma câmara municipal para todos. Porque, da forma que se dá esse processo, parece mais uma negociação entre grupos políticos de ocupação de poder, eu acho que esse momento não deveria ser utilizado apenas pra isso, mas deveria sim ser utilizado pra discutir a melhoria da casa legislativa perante o povo de Currais Novos. Em relação a alguém ter agido de má fé ou não, em relação a esse processo como se deu, o que eu tenho a falar é que o vereador Dr. Eduardo, primeiro fechou um apoio em relação a um candidato a presidente, no outro dia ele mudou a posição dele, foi votar em outro candidato. Eu discordo dessa posição que ele tomou, depois de ter fechado em grupo o apoio a outro nome. Penso que temos que ter posições políticas claras e transparentes para com a população que votou na gente, já que ele foi eleito pelo lado do ex-prefeito Zé Lins.

DC: O fato do sistema político ao qual você esteve vinculado nas eleições ter saído derrotado nas eleições majoritárias, prejudica muito a pauta de seus projetos?
OJ: Eu acredito que não. Estive avaliando, e é claro que se o grupo político de Zé Lins tivesse chegado à prefeitura existiriam muitas coisas que com o diálogo apenas com o governo eu conseguiria talvez implantar. Mas vamos tentar implantar nossos projetos, mesmo que agente tenha que ter esforços maiores, promover audiências públicas, que este tempo seja mais demorado pra alcançar o objetivo. Eu acho que tanto na oposição quanto na situação, se você tiver uma boa idéia, um bom projeto pra comunidade isso é o que vale, então não vejo diferença alguma.

DC: Você acredita que enfrentará muitas dificuldades nesse mandato pelo fato de ser oposição?
OJ: Não, eu acho que não. Meu sistema, o que eu apoiei perdeu. E eu vou desempenhar meu papel de oposição, com certeza, mas uma oposição responsável que deseja o bem de currais novos. Estarei vigilante em relação as coisas que acontecerem de errado no município, estarei acompanhando de perto, dando minhas opiniões, esperando que esses problemas sejam resolvidos e que a população possa ganhar com o desempenho de nosso papel de oposição. Não vejo diferença nenhuma no nosso trabalho estar comprometido por sermos de oposição.

DC: Sobre o impasse acerca das contas do Município, você acredita que isso se deve ao que exatamente?
OJ: É muito complicado, eu não participei diretamente da administração do ex-prefeito Zé Lins, a administração passada, e não tenho dados concretos pra lhe falar. O que eu tenho visto no noticiário local, inclusive dados concretos, é que ele deixa mais de cinco milhões em caixa na prefeitura de Currais Novos, eu estive vendo os extratos, e vi que uma parte desse dinheiro se deve a convênios da prefeitura, de várias obras que o dinheiro está aí para ser gasto, para as obras serem executadas: pista de skate, patins e bike, teatro municipal, creche, entre outras obras que foram relatadas. E também existe dinheiro no caixa da prefeitura, pra movimentar, dinheiro que vem da saúde, dinheiro que vem pra ser gasto com educação. Creio que esse dinheiro é suficiente, e mais do que suficiente, para Geraldo Gomes iniciar sua administração bem durante este período. Imagine o saldo positivo que ele terá ao construir as obras que estão aí, já conveniadas, neste início de governo. Pra mim isto é uma vantagem muito grande, acho que melhor impossível um prefeito deixar a prefeitura nas condições que Zé Lins deixou.

DC: Comenta-se em várias rodas políticas na cidade que existe um vínculo político muito forte entre você e a família do ex-vice-prefeito. É verdade?
OJ: Vicente Vilani Jr, é meu amigo, é filiado ao partido dos trabalhadores, ele é da família de Vilton Cunha, que é ex-vice-prefeito. Sempre tive uma relação muito boa com Vilton, uma pessoa muito boa e um empresário de sucesso aqui na nossa comunidade, uma pessoa que tem diversos serviços prestados aqui no município. Mas minha ligação maior é com Vicente que é meu amigo, eu tenho contato com ele, ele me apoiou na campanha, deu uma força muito grande, foi um militante aguerrido como todos os outros do Partido dos Trabalhadores. Meu laço com Vilton é amigável, tenho amizade com a família de Vilton Cunha, principalmente com Vicente Cunha que é meu amigo e da minha idade.

DC: Sobre a recente cassação do prefeito Geraldo Gomes, expedida pelo juiz da Vara Eleitoral de Currais Novos. Qual o seu ponto de vista? Você acha que vai ser algo procedente?
OJ: É complicado avaliar um processo como esse, até porque não tive acesso aos autos. Estou acompanhando mais pelo noticiário local e esperando os resultados finas. O que eu espero é que justiça seja feita. E que a justiça execute seu papel perante a sociedade. Dando uma resposta aos fatos ocorridos nas Eleições 2008 aqui na cidade de Currais Novos.

DC: Sobre o debate que vai ser realizado na segunda-feira (26) com os estudantes aprovados no vestibular. Quais as principais discussões que serão levantadas nesse debate?
OJ: Na verdade agente vai passar um pouco da nossa experiência, que adquirimos em nossa trajetória como estudante universitário na UFRN, no curso de Biomedicina. Eu participei, vivenciei realmente a universidade, fui membro do Diretório Central dos Estudantes - DCE da UFRN por dois mandatos, ajudei a fundar o Centro Acadêmico de Biomedicina, participei do Diretório Acadêmico do Centro de Biociências, participei do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão como membro dos estudantes, participei da Câmara de Graduação da UFRN. Então este debate vai servir pra trazer informações para os estudantes que passaram no vestibular recentemente. Para que eles conheçam antes de entrar na universidade como ela funciona, saber o direito deles como estudantes e lutar para garantir a sua moradia, principalmente aqui na cidade de Currais Novos, de onde muitos se deslocam para Natal para concluir sua passagem pela universidade. Queremos mostrar a questão de políticas de residência, restaurante universitário, de bolsas, discutir e levar essas informações pra eles, para que eles possam lutar pelos seus direitos, possam garantir o seu acesso e permanência no ensino superior público e mostrar como é que a universidade está funcionando, pra que eles também possam passar pela universidade e deixar sua marca, pra que outros universitários que virão tenham uma universidade melhor, uma universidade mais democrática, uma universidade que possa dar acesso a muitos jovens que estão aí excluídos de ter uma educação de qualidade. Temos que lutar cada vez mais para que os jovens das periferias, de classes mais populares, possam ter acesso ao Ensino Superior público. E assim eles possam mudar de vida, e mudar a vida de quem está ao redor deles. Esse é o nosso desejo. O nosso debate vai também receber as dúvidas, os questionamentos dos estudantes, e solucionar essas dúvidas e questionamentos. Estamos fazendo até um contato com o DCE da UFRN, para que eles possam mandar um representante que possa acrescentar mais a esse debate e trazer suas experiências. Também vamos levar algumas experiências de alguns estudantes que passaram pela universidade e vão dar seu depoimento. Acho que vai ser um momento de integração, dos que estão entrando com os que estão saindo, acho até que vai ser um momento histórico que nunca aconteceu na nossa cidade.

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